Planta Baixa – O Guia Completo

projetos de casas

Resolvi fazer esse post porque têm muitas pessoas que ficam em dúvida sobre planta baixa, como interpretar as plantas de casas e ainda sobre as diferenças entre as plantas, cortes e elevações dos projetos arquitetônicos.

O que é Planta Baixa?

A planta baixa é um desenho técnico que representa um corte a um metro e meio a partir da base da casa ou edifício, ele é feito em uma determinada escala com as medidas reais do imóvel.

planta baixa

Imagine que passou uma serra elétrica cortando a casa exatamente a 1,5 m do piso e você está olhando para esse corte de cima, então verá as paredes cortadas, portas, janelas, vãos e pilares cortados e também vai ver o desenho do piso, móveis e outros detalhes da casa.

Tudo o que é cortado por essa lâmina imaginária é representado com uma espessura de linha mais forte, existe uma hierarquia entre as espessuras de linhas e tipos de linhas que são utilizados em um projeto arquitetônico.

planta baixa de casas

Com a planta baixa de casas é possível dimensionar os móveis, ter a noção de como os ambientes irão se relacionar, da circulação, da estrutura, de como se dará o acesso no imóvel, qual a relação do imóvel com a área externa do terreno.

Hoje em dia esse termo planta baixa é pouco utilizado, sendo mais comum a utilização do termo planta térrea, planta do pavimento térreo ou ainda planta do andar térreo.

O que é representado na planta baixa?

Nas plantas baixas são indicados os acessos ao imóvel para pedestres e automóveis, o nível dos pisos em relação à cota 0,00 do terreno, os nomes e as aberturas de portas e janelas, os nomes e áreas dos ambientes, os tipos de revestimentos, o desenho do piso, as áreas permeáveis do terreno e pode-se representar a distribuição dos móveis.

Os móveis dão a noção do tamanho dos ambientes e eles podem ou não ser representados na planta baixa de uma casa.

A planta baixa arquitetônica, juntamente com as demais plantas cortes e elevações do projeto são a base para os projetos complementares: projeto elétrico, hidráulico, estrutural, gesso, interiores, paisagístico, etc.

projeto elétrico

Cada profissional que irá complementar o projeto do arquiteto, os engenheiros estruturais, elétricos, hidráulicos, designers de interiores, arquitetos de interiores, paisagistas irão utilizar a planta baixa para representar as suas especificações.

Onde faz a planta baixa?

As plantas baixas podem ser feitas a mão ou em softwares , o programa mais comum para fazer plantas de casas é o AutoCad, cuja extensão é denominada .dwg, ele também pode combinado com outros plug-ins e softwares como: SketchUp, 3D Studio Max, ArquiCad, etc. para gerar perspectivas realistas em 3D do projeto. O próprio AutoCad tem a possibilidade de modelar a casa em 3D.

plantas de casas

O que é planta baixa humanizada?

A planta humanizada é aquela que vem com a representação dos móveis e revestimentos de piso desenhados e coloridos, se for uma planta de casa pode também ter o jardim desenhado.

É uma planta feita para o leigo entender com mais facilidade, é diferente da planta técnica que basicamente é composta por linhas, as plantas baixas humanizadas são mais comerciais, são usadas pelos arquitetos e empresas para explicar melhor o projeto para os clientes.

planta humanizada

Não é a mesma planta que vai para a obra, as plantas, cortes e elevações que vão para a execução de obra são técnicas, com detalhamentos que são difíceis para o leigo compreender.

Aproveitando que entramos no assunto vamos falar sobre as fases de projeto, sobre os tipos de plantas, cortes e elevações.

Projeto Arquitetônico

Agora que você já sabe o que é uma planta baixa, basicamente uma planta térrea de uma casa ou um edifício deve imaginar que não só de plantas baixas se faz um projeto arquitetônico, para se construir uma casa ou outra edificação qualquer é preciso entender todas as dimensões e planos.

Nós arquitetos temos que visualizar e projetar a casa nas nossas mentes em três dimensões (3D) e colocar nossas ideias em um papel de apenas duas dimensões, que mais tarde vai ser construído e se transformar fisicamente em uma casa que irá ter não somente três dimensões (altura, comprimento e largura), como terá um valor sentimental, sensorial, funcional e estético.

Para representar os projetos arquitetônicos se utilizam desenhos gráficos de plantas, cortes, elevações, perspectivas e detalhamentos.

Se uma casa, por exemplo, tem dois andares, sem subsolo, ela terá ao menos: planta térrea, planta do primeiro pavimento, planta de cobertura, implantação, as elevações de todas as suas fachadas e alguns cortes.

projetos de casa

Planta: As plantas são feitas geralmente a 1,5 m do piso, nos projetos se utilizam linhas tracejadas para marcar os eixos do projeto, assim fica mais fácil relacionar cada seção, eixos verticais e horizontais.

Além dos eixos, nas plantas arquitetônicas existem indicações de cortes, com uma seta indicando o lado do corte e o nome do corte, isso serve para relacionar nas plantas o que vai ser visualizado no corte.

Como dito as plantas não deixam também de ser um corte no sentido horizontal, mas chamamos de corte a seção vertical.

Existem vários tipos de plantas:

Planta baixa ou planta do pavimento térreo: Que é a planta de acesso da residência, mais próxima do nível da rua.

Planta de subsolo: Que são plantas que ficam abaixo do nível da rua, podendo ter vários andares de subsolo, como em um shopping, em casas é comum ter apenas um nível de subsolo que geralmente abriga a garagem.

Planta de mezanino: Que são plantas que não chegam a ser consideradas pavimento, como por exemplo, plantas de sótãos ou mezaninos de lojas comerciais com menos de 1/3 da área total da loja, que são áreas não computáveis.

Planta dos demais pavimentos: Que são todas as plantas dos demais andares, 1º, 2º, 3º, etc.

Planta de cobertura: São as plantas que mostram a vista de cima da edificação, qual a inclinação e para que lado caem as águas de um telhado, onde ficam as calhas, os ralos de captação da água das chuvas, se a cobertura é de laje, é de telhado, qual é o tipo de impermeabilização, sombreamento e quais são as cotas da cobertura.

Sempre o que estiver mais forte no desenho é o que esta mais alto, “mais perto do observador” e o que estiver mais claro, com linhas finas e claras é o que está próximo ao nível do térreo.

Implantação: A implantação também é chamada de planta de situação e mostra todo o terreno e o seu entorno imediato (ruas, calçadas, árvores, jardim, etc.) e também com a planta de cobertura em uma escala menor.

A implantação é importante para identificar os acessos dos veículos, pedestres, níveis do terreno, rebaixamento das guias, acesso elétrico, hidráulico e sanitário, vegetação existente, orientação solar, ventos dominantes, limites do lote, etc.

A primeira coisa que se analisa ao dar início a um projeto arquitetônico é a implantação, quais as determinantes do lote, qual a orientação solar e direção dos ventos para projetar as melhores soluções de fachadas e setorização dos ambientes. Assim como a análise das curvas de nível, afastamentos laterais, recuos obrigatórios e todas as condicionantes são analisadas junto à planta de situação para se determinar onde será implantada a residência.

Se as plantas representam o projeto horizontalmente, as elevações e cortes representam o projeto verticalmente.

As elevações são os desenhos das fachadas do edifício, de todas as suas faces, as elevações podem também ser chamadas de vistas, pois não são sessões, cortes, como as plantas e os cortes, são apenas vistas que indicam como é a fachada, quais os revestimentos, quais as aberturas (portas e janelas), o que está mais próximo e o que está mais afastado.

Já os cortes são seções verticais, novamente imagine que passou uma serra elétrica e cortou, digamos, uma casa verticalmente do telhado até o subsolo. Nos cortes se determinam as alturas das portas, janelas, escadas, vigas, pé-direito, forro, laje, etc.

Além dessas representações técnicas com os detalhamentos, áreas, nomes dos ambientes, etc. as perspectivas internas e externas, servem para ilustrar o projeto ao cliente que irá visualizar como ficará o projeto acabado.

Essas perspectivas podem ser croquis, maquetes eletrônicas e até maquetes físicas.

Fases do Projeto Arquitetônico

Tem gente que acredita que o projeto arquitetônico nasce que nem mágica, que é só desenhar e a casa pode começar a ser construída, se fosse assim arquitetura nãos seria uma graduação de 5 anos, os arquitetos não são contratados para desenhar, são contratados para projetar.

E o que isso significa? Que cada projeto é único, quando você contrata um arquiteto ele vai avaliar as suas necessidades, o que a sua família precisa, como vocês vivem, qual a situação do terreno, o que condiciona o projeto?

Cada terreno tem suas especificações, uns são planos, outros inclinados, largos e estreitos, tem que se avaliar a orientação solar durante os meses do ano, os ventos dominantes no inverno e verão, as legislações urbanas, estaduais e federais, o orçamento e os recursos disponíveis.

Tudo isso vem antes mesmo do projeto começar a ser “desenhado” no papel, primeiro existe uma analise criteriosa para que então o esboço do projeto comece a nascer, pois tudo isso ira determinar a qualidade do projeto, o bom uso e a salubridade da sua casa.

Estudo Preliminar

Com base na etapa de analise os primeiros desenhos surgem no estudo preliminar, quando o arquiteto usa sua criatividade para projetar as melhores soluções de uso do imóvel com a setorização dos ambientes e a relação entre os espaços, nesta fase aqui são entregues: plantas, cortes, elevações e um memorial justificativo, podendo também incluir perspectivas, maquete volumétrica e uma análise de custo.

No estudo preliminar os elementos construtivos são representados de forma esquemática, com os níveis e alguns dimensionamentos principais.

Anteprojeto

Com o projeto mais bem definido junto ao cliente o arquiteto começa a desenvolver o Anteprojeto, onde é definido o partido arquitetônico, os elementos construtivos considerando os projetos complementares. É nesta etapa que o cliente aprova o projeto final e que se da entrada junto do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU.

Aqui os projetos são mais bem detalhados, são entregues: implantação, plantas, cortes e elevações, memorial justificativo com os aspectos construtivos, discriminação técnica, documentação para aprovação nos órgãos públicos e uma lista preliminar de materiais.

Pode ser entregue também maquete, perspectivas, estimativa de custo e projetos complementares.

A diferença é que as representações devem estar em escala igual ou superior a 1/100, as medidas, cotas, elementos construtivos, áreas, nomes dos ambientes, eixos, topografia, e orientação solar devem estar claros no Anteprojeto. São plantas com medidas e especificações.

Projeto Legal

A fase do Projeto Legal é a adaptação do Anteprojeto para a aprovação na prefeitura e nos órgãos competentes, neste caso podem ser feitas várias modificações até que o projeto seja devidamente aprovado de acordo com todas as legislações vigentes.

Aqui são especificadas as áreas computáveis, não computáveis, áreas permeáveis, área construída, número de pavimentos e tudo o que a prefeitura irá exigir para liberar o projeto para a construção.

Projeto Executivo

É aqui que o “bicho pega” minha gente, o projeto executivo é o projeto que vai para a obra, não pode ter erros, tem que estar com o máximo de detalhamentos possíveis com informações claras e objetivas dentro das normas técnicas para que todos na obra entendam.

São entregues: implantação, plantas, cortes e elevações, detalhamentos, discriminações técnicas, especificações de execução, lista de materiais e projetos complementares.

Pode ter o quadro de materiais de acabamento, quadro geral das áreas, maquete detalhada e orçamento do projeto.

A escala do projeto executivo tem que ser igual ou superior a escala 1/100 com a representação de todos os detalhes construtivos, medidas, cotas e recomendações para a construção.

Depois do projeto executivo cabe ainda ao arquiteto a elaboração do As Built, ou manual do proprietário que indica como foi construído, os trajetos dos encanamentos hidráulicos, fiações elétricas, posicionamento de pilares, vigas, etc.

Assim você não corre o risco de futuramente furar um cano de água na hora de instalar sua TV, é um manual que conta com todas as plantas, cortes e elevações e todas as alterações feitas no projeto até o momento final da execução.

Esse documento é importante em caso de futuras alterações no projeto e até mesmo para não acertar as tubulações hidráulicas na hora de parafusar ou pregar algo na parede.

Para mais informações sobre as fases de projeto você pode consultar a NBR 6492/1994.

Como Fazer uma Planta Baixa

Para finalizar esse post, que eu espero que tenha sido útil para você eu anexei um vídeo que mostra um estudo preliminar do arquiteto Shahram Azizi, que mostra sua desenvoltura ao projetar um chalé residencial de 30 m².

Esse tipo de representação que você verá no começo do vídeo se usa no Estudo Preliminar, pois é um desenho mais livre, sem medidas detalhadas, apenas uma ideia do que será o projeto, na segunda parte já mostra o projeto em CAD com um modelo em 3D da casa.

Um grande abraço e até o próximo post!

Equipe ArquiDicas

Comentários

  • Olá boa tarde me chamo Luciney e dou estudante de curso tecnico do senso. Vc poderia dizer porque a nbr 10647 existe? Muito obrigado.

    • Olá Luciney, a NBR 10.647/89 é uma norma técnica que visa definir alguns dos termos utilizados em desenho técnico. A ABNT defnie alguns padrões que facilitam a elaboração e a leitura dos desenhos técnicos, que são exigidos pelos órgãos municipais para a Aprovação do Projeto Legal.

  • Oi bom dia meu nome é Alan José e gostaria de tirar uma dúvida em que meus professores sempre me deram resposta divergentes uma das outras, gostaria de saber o seguinte: sou estudante do curso de engenharia de petróleo do último período e já até me inscrevi em uma pos graduação em engenharia civil lato sensu especialização, então eu queria saber se um engenheiro também. Pode assinar uma planta baixa já que eu adoro mexer com auto cad ou só um arquiteto pode assinar e também se o graduado em engenharia de petróleo no caso pode assinar essa planta ou só um engenheiro civil ou arquiteto, pois meus professores sempre entraram em divergência em responderem uns dizem que pode até 300 m² ou dizem menos, vc saberia me responder?

    • Olha, é complicado, para o Conselho de Arquitetura deveria valer o que está descrito no MEC, que só assina projeto arquitetônico quem de fato cursou na grade curricular Projeto Arquitetônico, neste caso apenas arquitetos cursam essa matéria. O que engenharia civil estuda na grade curricular é desenho arquitetônico que é para aprender a fazer desenho técnico e a ler as plantas arquitetônicas. Porém, judicialmente existe uma batalha entre o CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo e o CREA – Conselho de Engenharia. Nem sei como anda essa questão atualmente, claro que mesmo que judicialmente engenheiros sejam habilitados a assinar projetos isso só valeria para Engenharia Civil, Engenharia da Construção Civil. Eu sei que acontecem casos de até mesmo Engenheiros Agrônomos assinarem projetos arquitetônicos, que acaba sendo julgado pelo CREA que faz vistas grossas. É o que na prática acontece, não quer dizer que é certo, assim como a maioria das construções no Brasil nem mesmo tem responsável técnico. Porém, se for o caso, estude a possibilidade de eliminar as matérias que já cursou que são comuns entre engenharia de petróleo e engenharia civil e curse apenas as matérias que faltarem e se gradue em engenharia civil também. Ou se quiser de fato a aprender a projetar curse arquitetura. Espero ter respondido a questão.

    • Oi Alan, é complicado, para o Conselho de Arquitetura deveria valer o que está descrito no MEC, que só assina projeto arquitetônico quem de fato cursou na grade curricular Projeto Arquitetônico, neste caso apenas arquitetos cursam essa matéria. O que engenharia civil estuda na grade curricular é desenho arquitetônico que é para aprender a fazer desenho técnico e a ler as plantas arquitetônicas. Porém, judicialmente existe uma batalha entre o CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo e o CREA – Conselho de Engenharia. Nem sei como anda essa questão atualmente, claro que mesmo que judicialmente engenheiros sejam habilitados a assinar projetos isso só valeria para Engenharia Civil, Engenharia da Construção Civil. Eu sei que acontecem casos de até mesmo Engenheiros Agrônomos assinarem projetos arquitetônicos, que acaba sendo julgado pelo CREA que faz vistas grossas. É o que na prática acontece, não quer dizer que é certo, assim como a maioria das construções no Brasil nem mesmo tem responsável técnico. Porém, se for o caso, estude a possibilidade de eliminar as matérias que já cursou que são comuns entre engenharia de petróleo e engenharia civil e curse apenas as matérias que faltarem e se gradue em engenharia civil também. Ou se quiser de fato a aprender a projetar curse arquitetura. Espero ter respondido a questão.

  • Gostei muito do artigo. O uso de uma linguagem clara e objetiva torna o assunto leve, compreensível , aplacável, interessante e útil. Parabéns !

  • Bom dia ! Comprei um apartamento na planta porém ele está fora do esquadro, não só o apartamento mas prédio de 2 andares e 2 pavimentos cotendo i apartamentos tmb está torto …Cobrei a planta baixa da Construtora ela diz que não tem e tmb não é obrigada a me fornecer como eu não tivesse direito. Outra situação que me foi alegado é que numa planta baixa não vem dizendo a angulação das paredes então não posso dizer que a casa está fora do esquadro ! Isso procede ….estou totalmente perdido e preciso de um auxílio ! Muito obrigado pela atenção.

  • Bom dia amigo..muito bom esse seu trabalho de esclarescer as coisas ..diz uma coisa pra mim por favor ..essa planta baixa ..quando é aprovada na prefeitura ..ela tem a parte que vem explicando ? Como serão feitas as colunas e vigas ?? Medidas e tals ? ..vlw obrigado amigo ..pois o arquiteto disse que eu teria que fazer outra planta referente a isso …é certo isso? É verdade ?







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